sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MUTILAÇÃO DO GENITAL FEMENINO Cultura ou barbárie?

AS PRÁTICAS DA MUTILAÇÃO FEMININA
As mutilações dos genitais femininos, chamadas também de circuncisão feminina, compreendem vários tipos de práticas.
• A abscisão consiste no corte parcial ou total do clitóris. A abscisão pode ser realizada logo após o nascimento da menina, depois de meses ou anos, ou na entrada da puberdade. É sempre praticada por mulheres anciãs com algo cortante que pode ser navalha, faca ou pedaço de vidro, sem preocupações com a assepsia.
• A labiotomia é a extirpação dos grandes e/ou pequenos lábios, muito praticada na Somália, onde se estima que 98% das mulheres foram submetidas a esse procedimento doloroso. Está difundida também na Eritréia, Etiópia, Serra Leoa, Sudão, Quênia, Mali e Burkina Faso. Embora sejam países de maioria islâmica, a prática não é ligada a preceitos corânicos que prescrevem somente a circuncisão masculina. Existem documentos que indicariam como essa tradição já era praticada há mais de 6 mil anos.
• A infibulação é o procedimento em que a vagina vem quase totalmente costurada, deixando somente uma apertura para o escoamento da urina e do sangue menstrual. Em algumas tribos, se introduz um pequeno canudinho – fíbula – para manter a abertura. Muitas vezes com a abscisão do clitóris, a infibulação é realizada na puberdade e pode ser efetuada outras vezes durante a vida da mulher. Antes do casamento, mulheres anciãs reabrem a sutura para propiciar o ato sexual e o parto.

A repetição da infibulação provoca distúrbios psíquicos além de hemorragias e infecções na região genital, que podem conduzir à esterilidade, infecção e morte da mulher.

A mutilação dos genitais femininos são antigas tradições rituais, costumes que procedem das noites do tempo. Estão difundidas na faixa saariana e oriental da África entre populações cristãs, animistas e muçulmanas, embora não tenham origem nem na Bíblia nem no Alcorão. Em algumas etnias do norte do Quênia e do Mali, essas mutilações fazem parte dos ritos de iniciação das meninas à idade adulta.

No mundo, existiriam 130 milhões de mulheres (100 milhões seriam africanas) que foram literalmente dilaceradas pela amputação dos seus órgãos sexuais e, conforme estimativas comprovadas, mais de 6 mil meninas, a cada dia, são submetidas a esse tipo de violência. Cortam-lhes o clitóris, com facas, lâminas de navalha, fragmentos de vidros, sem a mínima assepsia nem anestesia.
Para outras comunidades rurais, as mutilações genitais seriam a garantia da virgindade da mulher, da sua fidelidade e da sua fertilidade, e se traduzem como um eficaz método de controle sobre a sexualidade feminina por parte do homem (pai ou marido). A excisão do clitóris em algumas tribos da Somália e do Sudão, serviria para aumentar o desejo sexual e protegeria a mulher de tentações, a fim de preservar a sua castidade até o matrimônio.

No Egito, os genitais femininos externos são considerados “impuros” e a menina que não for circuncisa é chamada de nigsa, isto é, suja. Na Somália, uma mulher não infibulada é considerada uma mulher de costumes fáceis e, portanto, será expulsa da aldeia ou do bairro onde mora. De outras, são arrancados os genitais inteiros. Outras são submetidas à infibulação, chamada também de circuncisão faraônica, que é uma intervenção devastadora na psicologia da mulher, perigosa para a saúde e pode ser repetida outras vezes na vida. Essas práticas rituais são difundidas especialmente em 28 países do continente africano, mas também no Extremo Oriente e, ultimamente, na Europa e nas Américas, como conseqüência do fluxo migratório.
Comportam muitos riscos para a saúde e sobrevivência das jovens e das mulheres submetidas, seja porque realizadas por pessoas incompetentes, seja pela total ausência de normas higiênicas. São comuns, portanto, as hemorragias, infecções e, futuramente, as relações sexuais extremamente doloridas e os graves problemas no momento do parto, além da morte que ceifa muitas, após o ritual. Além dessas conseqüências físicas, existe o dano psicológico das mulheres que ficam excluídas de uma normal e equilibrada vida sexual.


A batalha contra essas mutilações ainda é difícil porque, além delas serem defendidas como tradições culturais e tribais arraigadas há séculos, defronta-se, também, com o silêncio, o medo e a reticência das mulheres africanas. A solução, portanto, está condicionada a uma tomada de consciência das mulheres-vítimas. Muitas delas preferem perder a sexualidade antes de perder a autonomia e o poder, privilégios concedidos somente àquelas que obedecem à cultura e à tradição da sociedade patriarcal que domina o ambiente em que estão inseridas. As moças africanas, que fogem dessas práticas, desonrariam a família e são colocadas num nível social mais baixo na sociedade étnica e têm escassas possibilidades de se casar.


Hoje, mulheres africanas e de outros países ousam se rebelar e lutar para mudar a situação. aderem à campanha internacional “Stop-FGM. Stop às mutilações genitais femininas”, lançada pela Associação italiana de mulheres para o desenvolvimento (Aidos), em colaboração com a Associação das mulheres da Tanzânia (Tamwa) e, ainda, com a “Organização não há paz sem justiça”.

13 comentários:

  1. Nossa é triste de acreditar que pessoas se submetem a isso . :/

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  2. Realmente é triste ver que ainda nos dias de hoje pessoas concordam com esta barbaridade cometida a estas mulheres, saber que a ignorância das pessoas agridem o direito de outras pessoas viverem a sua vida sem problemas psicológicos.
    A ONU deveria lançar um programa dando refugio em países desenvolvidos para estas mulheres terem uma vida normal.

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    1. Concordo contigo. Quantas mulheres não devem estar sofrendo até hoje por terem sofrido tamanha violência?!

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    2. EU CONCORDO ABSLUTAMENTE COM ALGO A SER FEITO PARA ESSAS POBRES VITIMAS DESSA CRUELDADE ,ISSO É MONSTRUOSO,MEU DEUS EM QUE MUNDO ESTAMOS ,A ONU
      QUE SE MANIFESTE EM FAVOR DESSAS VITIMAS! Lamentável

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    3. Depende de nós, povos ocidentais, mente mais aberta com uma cultura mais evoluída denunciarmos e levarmos ao conhecimento do maior numero de pessoas para que seja feito alguma coisa a favor dessas mulheres e futuras mulheres traumatizadas.

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    4. Minha nossa, que coisa mais estúpida!!! As vezes é difícil de entender porque tanta barbaridade praticada por um ser humano. É de chorar, putz

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  3. BARBÁRIE EXPLÍCITA INFELIZMENTE, EMBORA, PORÉM, ENTRETANTO, TODAVIA SEJA SUA CULTURA.

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    1. Acredito que ja tenham abolido de sua cultura essa prática criminosa, afinal os direitos humanos é uma lei universal.

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    2. Alice Venuti, seu comentário é adequado ao Pais das Maravilhas. Acho que você "vê nuti". Ou seja, vê nada além do matiz cor-de-rosa . Acorda filha, o Diabo existe.

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  4. um tal povo que pratica tal monstruosidade devia ser eliminado da face da terra... Malditos sejam! Já pensou, uma chota sem grelo? Quanto a ONU é uma grande filha da puta, seus interesses são outros...

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  5. Isto é apenas uma cultura , nao deve ser julgada. Nao tem de mudar nada na cultura dos outros povos .

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    1. Uma cultura machista. Porque nao cortam do homem também? Asssim não nasceriam tantas crianças!

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Obrigada pela participação, assim que possível darei retorno.