MIL ANOS SEM BANHO
Se você acha que vive o final dos tempos, pense duas vezes, confira a porcalhada que era o mundo do seu tataravô. O artigo é da Veja:
Na escala da história humana, o hálito perfumado, o cabelo sedoso, a axila desodorizada (e depilada, se feminina) são novidades absolutas. A higiene pessoal, tal como é concebida hoje na maioria dos países, só se estabeleceu em efetivo no século XIX. Antes disso, as pessoas não apenas toleravam a sujeira como ainda, muitas vezes, se compraziam com ela. A evolução dos cuidados íntimos deu-se aos trancos, com pequenos avanços seguidos de longos recuos.
Todas as civilizações da Antiguidade deram grande valor ao cuidado com o próprio corpo e com o bem-estar físico, o banho era uma instituição cotidiana, registrada até nos mitos. É claro que o banho não sumiu da paisagem européia da noite para o dia. Existiam as casa de banho, mas s poucos, esses locais foram sendo associados ao pecado e à dissolução dos costumes pagãos. Mais voltado para a interioridade do que o judaísmo, o cristianismo desconfiava de qualquer atenção conferida ao próprio corpo. Místicos mais extremados como São Francisco de Assis consideravam a sujeira um modo de penalizar o próprio corpo, aproximando o espírito de Deus. Na maioria dos conventos e monastérios da Europa medieval, o banho era praticado duas ou três vezes ao ano, em geral às vésperas de festas religiosas como a Páscoa e o Natal. Supõe-se que a média de banhos entre a população que vivia fora do claustro não tenha sido muito superior.
No século XIII o popular Romance de La Rose, poema francês repleto de conselhos eróticos, trazia uma série de recomendações para o asseio feminino. As mulheres deveriam manter unhas, dentes e pele limpos. No século seguinte, jogos eróticos no banho também compareceriam no Decameron, do italiano Giovanni Boccaccio. O prestígio do banho, porém, parece ter sido apenas literário. O cristão europeu médio seguiu lavando o rosto e as mãos antes da refeição e esfregando seus dentes com paninhos – e a tanto se resumia sua higiene pessoal.
A transição para a era moderna não trouxe nenhuma melhora higiênica – pelo contrário, o progressivo inchaço das cidades gerou catástrofes sanitárias. Em Londres, Paris ou Lisboa, a disposição de lixo e de dejetos humanos era feita na rua mesmo. No suntuoso Palácio de Versalhes, um decreto de 1715, baixado pouco antes da morte do rei Luís XIV, estipulava que as fezes seriam retiradas dos corredores uma vez por semana – do que se deduz que o recolhimento era ainda mais esparso antes. Versalhes não tinha banheiros, mas contava com um quarto de banho equipado com uma banheira de mármore encomendada pelo próprio Luís XIV – objeto que serviria apenas à ostentação, caindo no mais absoluto desuso.
Outra crença curiosa do mesmo período diz respeito ao poder purificador da roupa: acreditava-se que o tecido "absorvia" a sujeira do corpo. Bastaria, portanto, trocar de camisa todos os dias para manter-se limpinho. Já no século XIX, o rei português dom João VI – o fujão que estabeleceu sua corte no Rio de Janeiro – mostrava-se descrente até da troca de camisas, que ele literalmente deixava apodrecer no corpo - bem descrita no livro lançado Passado a Limpo – História da Higiene Pessoal no Brasil, do jornalista Eduardo Bueno.
Foi só no século XIX, com a propagação da água encanada e do esgoto e com o desenvolvimento de uma nova indústria da higiene – principalmente nos Estados Unidos –, que o banho foi reabilitado. O século XX prosseguiria com a expansão da higiene. Os desodorantes modernos datam de 1907 e a primeira escova de dentes plástica é dos anos 50. A divulgação de produtos e práticas de higiene pessoal passou a contar com um aliado poderoso: a publicidade. Lançado em 1917, o Kotex, tido como o primeiro absorvente íntimo feminino, foi divulgado em 1946 por um filme de animação produzido pelos estúdios Disney.
A história dos séculos sujos que nos precederam pode ser uma lição moderadora: a humanidade, afinal, sobreviveu a toda essa imundície. As vantagens de viver na era do desodorante e do fio dental mentolado são auto-evidentes, mas convém lembrar sempre a frase de Henry J. Temple, nobre inglês da virada do século XVIII para o XIX: "Sujeira é só matéria fora do lugar.
As invenções mais essenciais da higiene pessoal
Papel higiênico
Por séculos, a limpeza íntima foi feita com folhas, sabugos de milho – ou com a mão. A primeira fábrica de papel higiênico surgiu nos Estados Unidos, em 1857 – e o produto demorou a vencer a resistência do mercado
Banho
Os romanos tinham casas de banho, que caíram em desuso na Europa medieval. A prática de lavar o corpo só seria efetivamente retomada a partir do século XIX. Em 1867, o francês Merry Delabost inventou o chuveiro. Pois é, um francês.
Privada
A primeira privada, ainda muito rudimentar, foi inventada para o uso da rainha Elizabeth I, da Inglaterra, no século XVI. Mas foi em 1884 que o inglês George Jennings criou o modelo moderno, com descarga.
Sabonete
O sabão já era conhecido pelo menos desde o antigo Egito – embora os romanos não o utilizassem. Por muito tempo, porém, foi um artigo de luxo. Sua popularização plena só se deu no século passado, por obra da produção industrializada americana.
Cuidados dentários
As primeiras escovas de dentes datam do século XV, provavelmente inventadas na China. Mas pastas variadas, feitas de vegetais, já eram usadas na limpeza bucal dos antigos egípcios e indianos. As pastas modernas, alcalinas, surgiram nos Estados Unidos, no início do século XX.
HISTORIA SUJA
Grandes personagens que não eram amigos da água
Vasco da Gama (1460-1524)
O navegador português levantou reações enojadas em sua viagem à Índia. Os indianos pediram que ele só falasse com a mão na frente da boca, para conter o bafo
Napoleão (1769-1821)
O imperador era asseado – mas encontrava estímulo erótico no cheiro do corpo. Em uma de suas campanhas militares, escreveu a sua mulher, Josefina: "Retorno a Paris amanhã. Não se lave"
Luís XIV (1638-1715)
O rei francês só tomava banho por ordem médica e vivia no imundo palácio de Versalhes, onde as fezes eram recolhidas dos corredores só uma vez por semana
Dom João VI (1767-1826)
O rei português que instalou sua corte no Rio de Janeiro em 1808 detestava banho e costumava vestir a mesma roupa até que apodrecesse
Isabel (1451-1504)
Relatos palacianos dão conta de que a rainha espanhola que comissionou a viagem de Cristóvão Colombo só tomou dois banhos de corpo inteiro em toda a vida
Fonte: http://www.bizrevolution.com.br/bizrevolution/2007/12/mil-anos-sem-ba.html
Olá! Estou pesquisando sobre a história do banho e encontrei o seu blog. Gostei muito do seu post. Fiquei com nojo e toda aquela ideia de romantismo caiu por terra kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...que época imunda... lembro-me das aulas de literatura portuguesa e ri muito quando a minha professora disse que os portugueses ficaram encantados com as nossas índias, diziam que elas eram limpas e perfumadas kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...fico imaginando como as mulheres europeias conseguiam suportar o mau cheiro "naqueles dias" e como elas se viravam...o fato é que água nunca faltou não é mesmo? Era mais um conceito neurótico cristão. Graças a Deus tudo isso acabou. Salve a indústria da higiene!
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Um grande abraço!
Oi Andreia, Obrigada por fazer seu comentário sobre a matéria.
ExcluirTemos água mas sabemos que precisamos nos preocupar com o futuro hidrico do planeta, não é mesmo? Ela nos é muito útil, principalmente para a higiêne pessoal. Acredito que há muitos lugares no mundo onde as pessoas não tomam banho por falta da água.
Leia isso
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1817380
Outros problemas de grande impacto ocorrerão:
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/03/relatorio-da-onu-preve-catastrofe-ambiental-no-mundo-em-2050.html
Fique atenta,postarei mais matérias interessantes no Blog em breve. Se der uma olhada nas postagens verá que tem muitos assuntos interessantes postados desde 2011.
Abraço
Alice.